25 de febrero de 2005

EMMA EM PÉSSIMA COMPANHIA



Quando eu era adolescente, a gente escrevia poesias, letras de música, pensamentos nos cadernos de recordações, ou nas agendas dos nossos amigos. Agora, todas as revistas de teens dizem que os diários estão disponíveis para todos lerem na internet, blá, blá, blá. Quer dizer então que a gente só pode deixar um comentariozinho?

Eu ainda acho que era legal levar o caderninho da colega para casa e buscar "aquela" poesia ou letra da música da Legião Urbana que quer dizer tudo aquilo que não conseguimos dizer. Bom, o trecho que eu vou citar hoje poderia muito bem ser escrito em um desses cadernos de recordações.

A personagem Emma, da citação, é mais conhecida como Madame Bovary, e o autor só poderia ser o Flaubert. Gustave Flaubert nasceu na França e escreveu esse romance para a Revue de Paris, em 1856. A história completa saiu como livro no ano seguinte.

Quanto a Emma, não se interrogava para saber se o amava. O amor, no seu entender, devia surgir de repente, como ruídos e fulgurações, tempestade dos céus que cai sobre a vida e a revolve, arranca as vontades como folhas e arrebata para o abismo o coração inteiro. Ela não sabia que, nos terraços das casas, a chuva forma poças quando as calhas estão entupidas, de maneira que se pôs de sobreaviso, até que, subitamente, descobriu uma fenda na parede.

Emma, querida, o amor é assim mesmo: vai juntando água, e a gente nem nota, até que, um dia, a gente vê essa rachadura na parede. Quando a gente menos espera o amor já é amor.

Todo o mundo tem um pouco de Madame Bovary. Para saber do que eu estou falando tem que ler o livro, ou ver o filme mesmo.

Ah, todo o mundo pode, ao menos uma vez, deixar aflorar a Martha Medeiros que há dentro de nós. Ou encarnar uma Marisa Monte rápida e chamar o Arnaldo Antunes para ler um trecho de romance do século XIX todo errado e sem entonação, não é messsss? Que coisa horrorosa aquela musiquinha, falando nisso. Só podia ser a preferida daquela criatura Dickmann.

2 comentarios:

Anónimo dijo...

Nem sei o que escrever...só queria fazer parte desse diário virtual. Aproveitando os momentos musicais..."hj eu sei as armadilhas e os segredos desse mar, que viver não é preciso, nem será..."
Realmente o caderninho aquele que os amigos levavam prá casa faz falta...
Te admiro muito! Um beijo grande

Marcelo dijo...

Navega Coração
As águas desse mar
Voa Coração
Prá lá do arco-íris

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