"Para onde vai a minha vida e quem a leva?

Porque eu faço sempre o que não queria?
Que destino contínuo se passa em mim na treva?
Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia?"

Eu não acredito em muitas dessas coisas do oculto, do místico, do sobrenatural. Acredito na obra de Leonardo, mas não acredito em código. Aquele Judas pintado por Léo (sente a intimidade) era um gatinho que posou pra ele – imortalizado em tela por uns favores sexuais.

Entretanto, algumas coisas que eu faço que são superstição ou, de alguma forma, uma ligação com o além.

Cada uma das minhas manias e superstições tem a sua origem.

Não pegar o sal da mão de ninguém (aprendi com meus amigos argentinos); quando derramo ou tem sal derramado na mesa, eu junto um punhadinho com a mão direita e jogo por cima do ombro esquerdo (vi isso num filme quando era pequeno, eu acho); não deixo ninguém perto de mim acender cigarro em vela (uma amiga já falecida me disse que uma vez fez isso e a madrinha dela morreu); quando um vidro é quebrado sem querer é porque uma coisa ruim que iria acontecer não vai mais acontecer (a mesma amiga foi quem me ensinou – sempre repito isso quando quebro um copo e tenho que limpar, passar o aspirador, cuidar para que o gato não pise nos cacos).

Ainda há outras manias quanto aos hábitos de vestir. Sempre que lembro, eu visto vermelho na quarta-feira (ontem foi um suéter cereja), porque uma amiga iniciada nas artes do candomblé botou as cartas pra mim várias vezes me disse que eu era filho de Iemanjá com o auxílio luxuoso de Iansã e que eu devia usar vermelho nas quartas e pedir proteção de Iansã. Depois outra senhora disse que eu era filho de Xapanã. Não sei ao certo.

Eu gosto muito da Iemanjá, conversamos muito na praia e ás vezes ela atende meus pedidos. Iansã, Santa Bárbara na religião católica, é a orixá dos ventos e das tempestades. Morro de medo de tempestade e detesto vento (lembra a praia do Cassino e suicídio), então não custa agradá-la colocando uma coisinha vermelha, não é mesmo? Além disso, eu adoro a canção Iansã, do Gil e do Caetano, na interpretação da Mana Bethânia.

Senhora das nuvens de chumbo Senhora do mundo dentro de mim Rainha dos raios, rainha dos raios Rainha dos raios, tempo bom, tempo ruim Eu sou o céu para as tuas tempestades Um céu partido ao meio no meio da tarde Eu sou o céu para as tuas tempestades Deusa pagã dos relâmpagos Das chuvas de todo ano Dentro de mim, dentro de mim.

Só porque sou sagitariano e a cor dos sagitarianos é azul e o dia propício deles é a quinta-feira, hoje estou vestindo uma camiseta azul-marinho e um suéter azul royal.

Muito axé e good vibrations pra todo mundo!