Sing if you are happy that way

Every little thing the reflex does leaves you answered with
a question mark

Não tenho mais ilusão de que as pessoas não tenham certeza de que sou gay e acho muito limitado o conceito de ser efeminado ou não. Todos nós somos mais ou menos efeminados, tudo depende do momento e do nível alcoólico. Talvez até a gente tenha conquistado o direito de ser efeminado. Tanta gente lutou e ainda luta para que nós tenhamos respeito dos outros. Eu cresci vendo o Ney Matogrosso no fantástico, ouvindo Duran Duran com toda aquela maquiagem e cores nos cabelos, sonhando com a Virgin Tour e tentando entender o Boy George como artista e não como travesti.

Terça passada, eu fui almoçar com o marido no centrão de Porto Alegre, para ser mais preciso, na antiga sede do Clube Espanhol, que agora abriga um buffetzão honesto. Eu tinha ido lá uma vez com o John, diga-se de passagem, um almoço agradabilíssimo. Lá avistei um guri que costumava ser meu amigo, aí alguém fazia uma fofoca e ele deixava de falar comigo, voltávamos a nos dar bem, nova fofoca... círculo vicioso forte. Naquela época, ele era chamado carinhosamente de Take a chance on me.

Durante a faculdade, seguidamente nos sentávamos no bar para bater papo e tomar nosso lanche antes de iniciarem as aulas. Ele namorava um loirão lindão, mas sempre se referia a ele com sendo a minha namoradA, esse último A era quase que gritado. Eu sempre achei isso bem ridículo. Ainda mais por estar na escrito na testa do rapaz que ele era gay. Cidade pequena, todo mundo se conhece... you know, aquela velha história.

Espero que hoje em dia o Take a chance não continue forçando o feminino. Inclusive, não fica bem para um jovem senhor, não é messs? Não fui lá falar com ele por respeito próprio.

Eu vejo muitos dos meus amigos, que são jovens senhores de mais de 30 anos, cheios de neuras e limitações. Das coisas mais banais até as mais estúpidas, como ter ódio generalizado das outras beeshas (meu bem, você se odeia também); criticar as beeshinhas new generation (você também já foi jovem e insegura quanto ao tom da base líquida mais adequado a sua pele); discriminar outras minorias (oooh estupidez); dizer que despreza os afetados (experimenta pedir para alguém te filmar e o resultado será Marisa – de mulher pra mulher). Isso tudo é reflexo – a gente critica nos outros o que nos incomoda e nos atormenta. Então, Relax relax relax Higher higher relax Now’s the time, it’s party time, já cantava Frankie Goes to Hollywood.

Uma das razões pelas quais eu admiro a novíssima geração é que eles não têm o medo que nós tínhamos, ou ainda temos, de ser quem a gente realmente é. Eu vejo hordas de seguidoras da Britney todas de sobrancelha tirada, luzes nos cabelos e sacolas com perucas para a montaria da noite, circulando por aí sem medo e cheias de atitude. Outros jovens gays mais chiques e endinheirados seguem outro caminho, mas sem vergonha de se assumirem. Não só assumir que é gay, mas assumir quem são.

Esse post já está grande demais... Sing if you are glad do be gay: