FELIZ DIA DA MULHER
Quem é esta garota? E o ovo, é de ema ou avestruz?
Eu tenho o péssimo hábito de comer vendo televisão. Eu sei, eu sei: a RBS e a Zero Hora mentem, e a televisão apodrece o cérebro. Também todo o mundo sabe que o pasquim da Avenida Ipiranga acha que a Renée Zellweger é uma atriz britânica (e não norte-americana, nascida no estado do Texas, como quer a realidade). O mesmo jornal regional surpreende-se este domingo ao constatar que duas gaúchas famosas têm em Björk uma role model. O que me leva a crer, pasmem! que o redator do caderno Donna Victor Hugo do mencionado papelzinho nunca ouviu falar na vencedora do prêmio de melhor atriz do festival de Cannes de 2000. Oh, quem é essa garota?! Só posso concluir que, como o Paulo Santana não tem nenhum CD dela, esta pessoa não deve ser considerada assim tão importante pela redação local.
Tipo assim, agir como se a Ana Maria Braga fosse uma pessoa óbvia (combatente sobrevivente receitista global), e o Lars von Trier (comunista dinamarquês e alguém que pensa) fosse um nome de orquídea.
Ícone vivo do jornalismo televisivo gaúcho
De todos os horrores cometidos pela dupla (RBS e ZH), a pior de todas é provavelmente a moça que vocês vêem acima. Cristina Ranzolin tem o pior penteado da televisão, casou com o Falcão (lembra? aquele jogador de futebol, e agora comentarista), e acredita que a pessoa não pode tomar um chopinho no bairro Bom Fim sob pena de ser assaltada, morta e ter o seu par de tênis roubado. Pior, ela nem acha isso tudo, ela repetiu a opinião de outra pessoa em uma entrevista recente. Ela é uma mulher que não pensa, e com cabelo péssimo. Vocês, mulheres, querem ser representadas por esta pessoa?
(Cristina Ranzolin, para meu amigo carioca que talvez não entenda o que escrevo, é a filha do Ranzolin da Rádio Gaúcha, dona de um bronzeado permanente, com um cabelo que parece uma peruca mal feita, e apresenta o jornal do meio-dia na RBS TV, que é a subsidiária da Rede Globo do sul do país. Além disso, se fosse americana, poderia ser classificada como republicana da ala Bush, ou, pior, repetidora de opiniões alheias.)
Isso sem falar do incrível, inacreditável, e outros “is” Patrola. Apresentado pela minha vizinha Mauren Motta e um outro portoalegrense espoleta, desses que a gente não entende, e são substituíveis como lâmpadas, como diria o Alexandre. O outro, que apresentava antes, está na MTV, lugar perfeito para esses idiotas que dizem bobagens, que pessoas que falam português brasileiro, não entendem.
A Britney Spears da crônica
Vocês acham que eu estou furioso? Sim, não agüento mais esse jornaleco, essa televisãozinha, essa gentinha. Ainda por cima, o caderno de cultura da ZH encerra com Martha Medeiros. Que ironia! Martha Medeiros! Outra Anti-Crista! Neste domingo, sua crônica (crônica! você sabe, aquele gênero literário praticado em dias melhores do que estes por Drummond e Paulo Mendes Campos?) começa com a seguinte frase: “Uma mulher quer que suas unhas não quebrem nem descasquem.”
Cherchez la femme
Compare com Clarice Lispector, que inicia uma crônica, publicada em 14 de setembro de 1967 (abri a primeira página do primeiro livro dela que me veio à frente), assim: “Eu disse uma vez que escrever é uma maldição”.
(Ou seja: as mulheres da geração de 60, que eram discriminadas e diminuídas, preocupavam-se com temas universais como a escritura e a culpa, assim como Kafka e Dostoievsky, enquanto que a geração dos anos 2000, mais liberada para tratar de assuntos polêmicos, preocupa-se com umas coisinhas pequenas do tipo esmalte monange, no melhor nível Sidney Sheldon. Qual geração você acha que ajudou mais a causa da igualdade feminina??? Hein? Não estou ouvindo! Mais alto!)
Para a sucessora (sucessora!) de Clarice, essa Martha Medeiros da ZH, escrever não é nenhuma maldição, é um salário de três mil reais. Para os leitores, Martha é uma maldição. Ela não tem nenhum compromisso existencial com o que escreve, apenas a promessa profissional de escrever algo que tranqüilize uma portoalegrense de mais ou menos trinta e cinco anos, branca, de classe média, a respeito de suas dúvidas sobre maquiagem e filosofias da moda, tipo o código daquele pintor.
A comparação com Clarice já é motivo suficiente para a gente, gaúchos, achar que a nossa cultura anda de mal a pior. Ao lado das mulheres da geração anterior, como Renata Sorrah ou Elis Regina, que eram uma gente disposta a sofrer as conseqüências de ter idéias, sendo mulheres, estas novas mulheres me parecem de um conformismo comparável à careca do Lasier Martins. Martha Medeiros, tendo idéias além de suas unhas descascadas? Cristina Ranzolin, preocupada com repetir algo além de sua balayage mensal? Think again. Precisamos, mais do que de homens, de mulheres gaúchas que não tenham bolsas VH e que não alisem o cabelo.
(Ou seja: as mulheres da geração de 60, que eram discriminadas e diminuídas, preocupavam-se com temas universais como a escritura e a culpa, assim como Kafka e Dostoievsky, enquanto que a geração dos anos 2000, mais liberada para tratar de assuntos polêmicos, preocupa-se com umas coisinhas pequenas do tipo esmalte monange, no melhor nível Sidney Sheldon. Qual geração você acha que ajudou mais a causa da igualdade feminina??? Hein? Não estou ouvindo! Mais alto!)
Para a sucessora (sucessora!) de Clarice, essa Martha Medeiros da ZH, escrever não é nenhuma maldição, é um salário de três mil reais. Para os leitores, Martha é uma maldição. Ela não tem nenhum compromisso existencial com o que escreve, apenas a promessa profissional de escrever algo que tranqüilize uma portoalegrense de mais ou menos trinta e cinco anos, branca, de classe média, a respeito de suas dúvidas sobre maquiagem e filosofias da moda, tipo o código daquele pintor.
A comparação com Clarice já é motivo suficiente para a gente, gaúchos, achar que a nossa cultura anda de mal a pior. Ao lado das mulheres da geração anterior, como Renata Sorrah ou Elis Regina, que eram uma gente disposta a sofrer as conseqüências de ter idéias, sendo mulheres, estas novas mulheres me parecem de um conformismo comparável à careca do Lasier Martins. Martha Medeiros, tendo idéias além de suas unhas descascadas? Cristina Ranzolin, preocupada com repetir algo além de sua balayage mensal? Think again. Precisamos, mais do que de homens, de mulheres gaúchas que não tenham bolsas VH e que não alisem o cabelo.
6 comentarios:
HEHEHEHEH! Adorei. Faltou a Tânia Carvalho, nossa Hebe Camargo dos pampas.
Tânia Carvalho está cada dia mais louca! Eu vi o programa dela na TVCom daqui. Louca, louca!
Adorei, odeio tds esses principalment a Cristina (q se axa, soh pq eh mulher do Falcão)tomara q ela morra e tda familia dela, e principalment a filha xorona dela.
- Quem é você?, disse a Lagarta.
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