27 de marzo de 2005

Moby, Yo, Eu, a Galícia, o Mar e outros Poemas

Eu nem queria ouvir o disco novo do Moby, acho que ele é chato, pseudo-artístico e pretensioso. Serve para gente cabeça-moderna, que tem vergonha de admitir que gosta da Enya, e diz que gosta de ambient. Ou ainda para a trilha sonora da Tok & Stok e outras lojas que vendem copos coloridos e móveis brancos.

Acabei ouvindo por pressões das críticas, que elogiaram tanto! Bem como eu esperava: deu uma vontade de passar a tarde comprando prateleiras de montar... Sorte que era sexta-feira da paixão e que , além de ser pecado adquirir bens de consumo duráveis, a loja estava fechada.

Nem tudo está perdido, o Moby fez uma versão quase que irreconhecível de "Temptation", do New Order. Dizem que o tal Hotel pretende prestar tributo ao Joy Division e voltar ao ano de 1981. O álbum ainda consegue soar como um pálido David Bowie.

Agora, alguém pode me responder até quando vai esse revival dos anos oitenta? Eu prefiro toda a vida o Geyster, I LOVE 1984. Mais alegre, mais inovador, e mais autêntico!

Fora o fato de que a maioria das pessoas confunde "sério" com "completamente desprovido de senso de humor". Mas, como diria a Björk, isso já é assunto para outro Post.


Javier Bardem antes de ficar tetraplégico
(no filme, não na vida real, não confunda)

Graças a Deus nem tudo é plástico e falso na sétima arte. Vi Mar adentro e fiquei encantado com a veracidade dos personagens construídos por Alejandro Almenábar (The Others e Abre los Ojos).

Os traços de personalidade de cada personagem estão em nós mesmos, em nossos amigos ou conhecidos, e isso mexe com outros sentimentos não relacionados diretamente ao tema central. Uma das que mais me tocou, na verdade irritou, foi Rosa (Lola Dueñas), a garota do interior que, sensibilizada pela situação de Ramón, procura ajudar. Ela é uma daquelas pessoas que conhecemos na vida real, que, com o propósito de ser tua amiga, descarrega as suas frustrações, seus problemas, e suas verdades em cima de ti, sem que desloque o seu centro de atenção, ou seja, ela mesma. Há uma Rosa perto de ti, tenho certeza. No fim, as coisas se invertem e Rosa consegue ser altruísta, mas não vou contar o fim.

Campanha: Desafio vocês, self-centered people: comecem uma frase sem usar a palavra EU. Tentem! Ah, a Madonna pode, só ela, viu?!

Concordo com todo o mundo que disse que o Bardem está ótimo. Mabel Rivera, que faz a Manuela, causa uma empatia tão grande, que me fez chorar (uma das muitas vezes que chorei vendo o filme). A cena crucial de Manuela é quando ela enfrenta o padre e diz que ele não tem o direito de declarar na televisão que falta amor para Ramón na família.

Esquece dessas bobagens roliudianas, que só te fazem sonhar com um mundinho ao qual não pertences, e veja Mar adentro, que, se não te fizer um ser humano melhor, vai te fazer sentir mais próximo de sentimentos humanos universais.

Nota: O filme é metade falado em castelhano e metade em galego, o que faz a gente estranhar que o irmão de Ramón, José, não fale "Yo" e sim "Eu". O galego é bem mais parecido como o português que o espanhol. A Galícia fica aqui.

4 comentarios:

Anónimo dijo...

Você me deixou com medo de comprar o cd do Moby! Vc está um crítico muito crítico (está muito boa, a crítica), mas eu vou comprar o cd mesmo assim, e vc não vai me impedir! Afinal eu tenho TOC e uma das minhas manias é comprar cd do Moby.
Abraços
Jeylo

Anónimo dijo...

Você me deixou com medo de comprar o cd do Moby! Vc está um crítico muito crítico (está muito boa, a crítica), mas eu vou comprar o cd mesmo assim, e vc não vai me impedir! Afinal eu tenho TOC e uma das minhas manias é comprar cd do Moby.
Abraços
Jeylo

Anónimo dijo...

Você me deixou com medo de comprar o cd do Moby! Vc está um crítico muito crítico (está muito boa, a crítica), mas eu vou comprar o cd mesmo assim, e vc não vai me impedir! Afinal eu tenho TOC e uma das minhas manias é comprar cd do Moby.
Abraços
Jeylo

Anónimo dijo...

E eu tenho que postar o comentário 3 vezes, viu?