22 de junio de 2005

Sooner or later this happens to everyone


Gustav Klimt - The Kiss - (180 x 180 cm) - Detail

Madonna declarou à FemaleFirst que há 15 anos atrás estava sentindo-se solitária e preocupada se encontraria o amor da sua vida. Chega de Sean Penn, por favor. Se até Madonna foi atingida por essa dúvida cruel, o que resta para nós mortais? A pergunta é: há uma receita para se encontrar o amor e ter um relacionamento feliz?

Não sei. Sinto muito. Acho até melhor que não exista uma fórmula do amor, caso contrário, estaríamos fadados a repetir o mesmo modelo. Onde está a graça?

Mesmo assim, me assusto com a quantidade de livros de auto-ajuda, de artigos em revistas, programetes de televisão, sites, que tratam sobre relacionamentos. O que é mais impressionante ainda é a aceitação desses produtos, que vendem receitas para arrumar a sua alma gêmea, para manter sociável o troglodita do seu marido, para entender a louca da sua mulher, como melhorar o sexo, como manter a libido, como, como, como, indefinidamente. Compre um modo novo de vida agora e seja feliz.

Não quero saber como funciona o casamento na pós-modernidade? Quer saber? Então, leia aquele artigo na Revista Nova Cláudia Cosmopolitan Querida ou Comeram o Queijo do meu marido com Melancia em Vênus, da Martha Pluft. Cada um, ou cada dois, que encontre o seu modelo.

O caso é que não acredito em transformações operadas por um livro, seminário, curso, psicólogo, ou qualquer outra forma de mudança induzida. Nós temos algumas características que não são passíveis de mudança, talvez se possa ocultar por algum tempo. Quantas vezes nos deparamos com alguma faceta da personalidade do outro que não tínhamos notado antes? Esse traço desagradável sempre esteve lá. Viva a diferença!

Em um processo de enamoramento ou conquista é normal que destaquemos algumas características mais atrativas, mostramos nosso lado mais interessante, misterioso, apaixonável, abrimos a nossa cauda de pavão. Com o tempo, as coisas vão se acertando e os pingos vão para os is. Hábitos, odores, humores, manias, territórios, funções, papéis, tudo vai, aos poucos, aparecendo e se acomodando. O tempo de acertos e concessões é importante para saber se o relacionamento vai frutificar ou está fadado a portas batendo, ironias, gritos, pequenos escândalos, e tal.

Acertar os ponteiros de duas pessoas não é nada fácil. Ceder é mais difícil ainda. Se há uma receita para ter um amor, essa receita é negociar sempre. Negociar em um grande fórum onde são feitas propostas, contrapropostas e, finalmente, o consenso. O consenso é mais saudável que seguir os passos propostos por aquele livreco e bem mais barato. Um relacionamento verdadeiro, na minha acepção, deve criar um universo novo só do casal. Essa coisa de cada um vivendo o seu mundinho egoisticamente, mas namorando, não serve para mim. Melhor ter FFs e nada de compromisso.

Antes de tudo isso, deve haver uma motivação interna, uma disposição, para que as coisas aconteçam. Ficar remando contra a maré, achando que um dia ele(a) vai ser seu(sua), não é nada agradável. E, claro, que o dito(a) cujo(a) valha a pena. Não?

1 comentario:

Anónimo dijo...

Falou tudo! Cada um que se entenda da melhor maneira possível... fogueira para esses livrecos! P.S.: Todos os meus amigos têm uma réplica desse quadro... rsss. Klimt deve ser "pós-moderno". rsss.