Walmor em Porto Alegre
O Porto Alegre em Cena acabou ontem, ao menos para mim. Encerrei a programação vendo Um Homem Indignado, com e do ator gaúcho Walmor Chagas, 75.
Confesso que não esperava grande coisa, só queria ver o Walmor nada mais. A peça é uma grata surpresa.
O ator contracena com imagens projetadas no fundo e nas laterais brancas. Morte, suicídio, velhice, televisão, cultura de massa, teatro, tesão, livros da moda... são alguns dos temas contra os quais Walmor Chagas lança sua indignação. Compara o imperalismo norte-americano com a destruição dos povos americanos pelos conquistadores europeus -- a busca de ouro, prata, petróleo todas riquezas da terra ainda é a mesma.
A peça mostra a gravação de um reality show onde o ator faz suas confissões:
"Não sou daqueles que viram Irmãos Coragem. Sou dos que leram Os Irmãos Karamazov..."
"Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por atores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!"
(E esse Álvaro de Campos, hein? Será que andou participando do Big Brother Portugal?)
Escolhi três peças para ver no POA em Cena, por motivos totalmente diferentes, e as três tratavam do mesmo tema só que por ângulos bem diferentes: a passagem do tempo, a idade, as lembranças do passado, e como a gente vai perdendo a paciência com o resto do mundo e quer mais é ficar em casa lendo um livro...
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