1 de noviembre de 2005

Uma fábula em atos - Ato 2 - o nariz e a vassoura

Aqui vai a segunda parte da nossa história sobre guarda-roupas e armários.

Claro que no capítulo anterior alguns detalhes reveladores foram discretamente omitidos, bem como o nome de nossos heróis. Tudo pura ficção!

No segundo capítulo, olharemos mais de perto para o semi-rusti-heleninha, que passaremos a chamar simplesmente de Álvaro.

Álvaro, que era o alvo do ódio da Big Nose, depois de muito ser espezinhado resolveu estudar Letras e se formou com louvor. Agora não é mais um semi-rusti-heleninha­ iletrado. Durante a graduação conheceu uma garota, que virou sua namorada. Não era uma garota qualquer, mesmo não sendo nariguda como a Big Nose, era ainda mais feia, muito magra, nada sexy, vestia conjuntinhos de saia e casaco mandados fazer na costureira da quadra, em resumo, um horror.

A identificação com a Big Nose foi imediata – as duas se olharam e souberam no mesmo instante que deveriam ser aliadas e prender seus machos. Outro fato em comum era a aparência de vassoura – sabe, bem magras com os cabelos secos, sem corte, meio espetecado. A nova personagem era mais vassoura, tendo em vista seus cabelos ruivos tipo piaçava.

Entretanto, eram muito diferentes na atitude. Enquanto, Big Nose era cínica e dissimulada, já Piaçava era furiosa e vociferava impropérios para os amigos de Álvaro, tentando livrá-lo da bebida, más companhias e da homossexualidade latente. Na verdade, Piaçava destilava veneno das pontas ressecadas de seu cabelo.

Piaçava conseguiu manter Álvaro longe dos perigos de uma vida dissoluta por 5 anos. Não há dados que confirmem borracheiras furtivas ou escapadelas. Além dos atrativos visuais que não eram poucos, Piaçava trouxe Álvaro para morar com ela e comer do bom e do melhor, enquanto estudava suas Letras. Não havia mencionado antes que Álvaro não era originário do cassino, mas era um imigrante do nordeste ensolarado do Brasil. Álvaro resolveu tentar a vida no sul – o motivo explicaremos em um outro capítulo. Álvaro não era de grandes posses, enquanto Piaçava era de classe média-média.

Quando o moço se viu formado, lindo, leve e solto, sua primeira providência foi dar um pé na Piaçava, que tanto havia amado e usufruído durante os cinco anos de faculdade. Justo, muito justo. Álvaro havia passado em um disputadíssimo teste para um programa de mestrado em uma capital brasileira. Trabalhou com afinco em sua dissertação – “A influência de Mario Quintana na obra de Martha Medeiros”. Devido ao tema, hoje dá aulas de literatura sul-rio-grandense em uma famosa universidade, a PURGS – Puntifica Universidade do Raio Gordo do Sul, Minas Gerais.

Álvaro e o amigo rusti-heleninha continuaram a amizade durante os respectivos namoros, claro que deixaram a bebida de lado.

Ainda hoje, quando Álvaro está deprimido apaga todas as luzes, acende um incenso, se joga no chão e ouve Madonna cantando: A man can tell a thousand lies / I’ve learned my lesson well / Hope I live to tell / The secret I have learned, ‘till then / It will burn inside of me, sempre pensando em seu amado rusti.

Quando está feliz e contente da vida só ouve Legião Urbana, mesmo assim pensa em seu grande, enorme, gigantesco amor.

3 comentarios:

Alex dijo...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, como eh que eu nao lembrei???

Mas ca entre nos, Alvaro e Piacava se merecem e, pelo jeito, vao envelhecer abracados, sob a sombra de um armario de 2 portas e maleiro do Tumeleiro! (e retrato do Atila com velas acesas e tudo)

Ho ho ho.

Anónimo dijo...

Tô começando a juntar as peças...
Faz sentido...muito sentido...
Bjo. Alê

Marcelo dijo...

As referências estão cruzadas, meus caros.
Mas lembrem-se que nada, nada é impossível e que There's no place like home (ou there's no place like hommo)