Puesta del sol en Punta de Leste, 18.12.2006Eu sempre gostei de receber, de organizar, de dar festas. Na minha casa sempre fomos acostumados a ter gente, os amigos dos meus pais, os amigos da minha mãe, os meus amigos e depois os amigos da minha irmã. Eu adorava a função toda, arruma a casa, compra flores, tira a louça do armário, escolhe o menu, gela as bebidas e prepara ou encomenda a sobremesa (lá no sul do RS os doces são dos deuses). Adoro a Célia Ribeiro, sonho em ter armários repletos de louça e em fazer ranchos na Brickell.
Lembro de festinhas memoráveis lá em casa, principalmente aquelas entre os meus 15 e 18 anos. Depois veio uma fase em que as festinhas eram no apartamento da praia do Cassino. O salão de festas é grande, fica no quinto andar com uma vista linda e tem uma varanda enorme.
Um belo dia, eu pensei:
deu, né; me enchi de ter que levantar no outro dia e limpar o apartamento, o corredor e o salão de festas, lavar os pratos, recolher os restos e ver o que havia sobrado dos foliões. Minha resposta passou a ser:
olha não vai dar.
Eu sei que é um porre ficar reclamando, mas aquela fase em que eu fazia tudo com prazer havia passado. Agora eu tenho a minha, quer dizer, a nossa casa. Nós adoramos receber, curtimos os preparativos, ir 59 vezes ao supermercado, pensar nos pratos, arrumar a casa, chamar a faxineira, pensar na trilha sonora, ouvir Fangoria enquanto cozinhamos...
Fim de tarde com a Angélica e o Andrei (18.12.2005)Ainda assim, o peso de fazer aniversário exatamente uma semana antes do Natal e duas antes do Ano Novo é um pouco demais.
No ano passado, nos mudamos, então em vez de fazer uma festinha de aniversário convencional, convidamos todos os amigos para a inauguração da casa nova. Não quero me lamentar, toda a trabalheira foi muito prazerosa. Foi uma curtição. Mas (tem sempre um mas) é muito difícil que as pessoas reconheçam qualquer esforço nesse sentido. No fim das contas, sempre acham que servimos coisas estranhas, com gosto esquisito e outras coisas indizíveis ou não ditas, ao menos na minha frente.
Marcelos no delicioso after party (18.12.2005)
Talvez a gente fique prisioneiro do próprio estereotipo (inventando por nós mesmos) Nessa festa do ano passado, poucos sabiam que eu estava completando meus 33 dezembros, então me livrei do parabéns a você com cara de tonto olhando para o bolo com 33 velHinhas flamejantes. Depois que foi todo mundo embora, os remanescentes (Corradi, Luzardo, Freitas, Caríssimi, Cunha e os Silva) conseguiram ter uma conversa agradabilíssima.
Esse ano foi tranqüilo, eu fui viajar com a minha mãe. Vi um lindo por de sol, comi um matambre delicioso e senti falta do meu amoreco. Antes de sair em férias com a família, houve aquela dúvida sobre fazer uma festinha e só chamar os amigos mais íntimos. Esperei um pouco e a vontade passou. Não que eu não goste de ver os meus amigos e de comemorar com eles. Se o maior prazer que eu sinto é no antes, nas preliminares, então posso somente fazer isso. Não é verdade? Todo mundo fica mais feliz se você encomenda uma pizza da esquina.
Ainda é cedo para planejar o aniversário deste ano, o de 35, aí já vou ser um jovem senhor. Nada de festa! Talvez eu vá arrumar a casa, encher balões, preparar a trilha sonora, fazer a comida, a sobremesa e
quem sabe ver o pôr do sol.