Shoes da Piedade
A crônica da Martha Medonha do último domingo aconselha que as mulheres deixem um pouco de lado os seus pre-conceitos. Explico: para encontrar um homem (mulher, bicha, sapa, trans, cd, dvd...) é preciso deixar de lado as primeiras impressões – aquele sapato horrendo, carro velho, unha do dedinho comprida, camiseta polo (particularmente adoro) – e dar um tempo para conhecer a pessoa mais a fundo. Depois tentar remodelar alguma coisa, aparar as arestas.
Lendo essa coisa que parece óbvia para muitos, lembrei-me de uma das melhores músicas do Cazuza – Blues da Piedade. Ok, Martha Medeiros e Cazuza no mesmo post – livrai-nos do lugar comum! Voltando para o Cazuza – a parte que eu sempre lembro quando as pessoas falam que conheceram o fulano, etc e tal, bem legal, mas a pinta combinava o cinto com o mocassim de bolinha e uma pochete: Pra quem não sabe amar Fica esperando Alguém que caiba no seu sonho Como varizes que vão aumentando Como insetos em volta da lâmpada.
O caminho, se é que existe um, para se conhecer alguém, um homem pra chamar de seu, passa necessariamente por uma boa conversa, um pouco de convívio, dar uma oportunidade para o outro se mostrar e para que o outro te conheça. Ao menos, parece que foi assim comigo. O que não quer dizer que valha para todo mundo. Não sou, nem quero ser exemplo.
Agora, se você acha que o tal homem pra chamar de seu tem que ter um corpo perfeito, vestir-se perfeitamente, tudo combinadinho, entender de vinho, música, cinema, arte, literatura, queijos, culinária, viagens, ir à academia, depilar-se, usar perfume e claro ser fiel, então assuma logo isso e para de incomodar os outros.
O mesmo aviso serve para aquelas pessoinhas que casam e vivem reclamando do marido ou da marida, reclamam da sogra e do sogro que se metem na vida deles, dos maus hábitos do companheiro... Ah, faça o favor, né. Namorou, casou, agora agüenta, filha. Engole o choro. Cada um sabe o buraco que cavou para si.
Estou amargo.