Dia 19 de agosto de 1972 meus pais se casaram. Vinte e dois anos depois, eu me formei em Direito. Trinta e dois anos depois, eu estou aqui comemorando dez anos de formatura. Talvez agosto seja mês de desgosto mesmo.
Quando a gente termina um ciclo, como se formar em um curso superior, por exemplo, pensa que a vida vai mudar completamente. Como acontece nos filmes, a gente se forma no colégio e todo mundo fica feliz, todos encontram seus pares, os virgens perdem as respectivas virgindades, a garota mais gostosa fica com o protagonista sensível e a mais galinha na verdade era virgem e se apaixona por um espinhento. Na vida real não é assim, está mais para Reality Bites, do que para outra coisa, só que eu não conheço o Ben Stiller.
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Na verdade, não acredito na possibilidade de se mudar o passado. Acredito, sim, que as escolhas que fazemos na vida têm, de alguma forma, alguma ligação com o destino. Não sei se destino é a palavra mais apropriada. Onde está escrito “destino” leia-se: cada coisa tem o seu momento certo para acontecer. Estou tão auto-ajudo-me.
Não gosto de pensar em arrependimentos. "E se" - não é um bom início de pensamento. Claro que se eu tivesse feito outras escolhas profissionais não seria quem eu sou hoje. Talvez tivesse passado em algum concurso público e estaria super-feliz com meu contra-cheque, minha mesa e meu horário de trabalho. Aquela segurança tão sonhada por tantos, inclusive pelos nossos pais. Talvez ainda estivesse estudando para o concurso de juiz. Quem sabe?
O pior de tudo são aquelas conversas de fim-de-ano quando todos se encontram para passar o natal na cidade natal (será redundância?). Os papos rolam assim:
- Quanto tempo, né?! Ah, nem sabes... Eu passei para juiz-delegado-TTN-TNT-puxa-saco, e estou trabalhando em Anta Pequena do Sul. E tu? O que tu tá fazendo?
- Que legal! Eu? Ah, eu sou modelo e ator, estou com umas propostas aí, mas é segredo ainda.
De todos modos, mando meus parabéns para os colegas formados na turma de Direito de 1995 da Fundação Universidade Federal do Rio Grande.
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Motivos para comemorar o dia 19 de agosto não faltam para as lésbicas. Hoje comemora-se a primeira manifestação da visibilidade lésbica no país, um tipo de Stonewall ocorrido em 1983. A manifestação foi contra o Ferro’s Bar, ponto de encontro lésbico em São Paulo durante os anos 80, por molestar, impedir a entrada e a divulgação de um jornal engajado no movimento lésbico. A manifestação contou com o apoio de feministas e de bibas, claro.
Bom, então feliz dia do orgulho lésbico!
Post enorme dedicado a todas as lésbicas do direito, será que elas existem?